sábado, 28 de maio de 2022

Acordes de Empréstimo I

        Se você acompanhou os posts anteriores sobre harmonia, percebeu que já falamos sobre funções harmônicas e dominantes secundárias. O uso de dominantes secundárias é uma forma de incrementar a harmonia, trazendo alguns acordes além do campo harmônico. É possível incrementar a harmonia ainda mais com a presença de acordes de empréstimo.

        No tonalismo a princípio existem dois modos: o maior e o menor. Claro que existem outros modos, como os advindos da teoria modal clássica, além da possibilidade de criação de modos artificiais pelo compositor. O céu é o limite. Lembre-se que o ouvido é que deve orientar o desenvolvimento e a incrementação da harmonia. Uma teoria que simplesmente não conecta suas ideias com o som, acaba se tornando um vazio exercício de abstração.

        Observe os dois modos em dó:

        Dó maior

Dó maior



        Dó menor:


        A primeira coisa que podemos observar é que temos dois conjuntos bem distintos de acorde. Na verdade, nos dois conjuntos nenhum acorde se repete. Caso você esteja em dó maior, pode ampliar a tonalidade acrescentando ou substituindo novos acordes. Por exemplo, pode substituir o acorde da dominante (sol maior), por um acorde menor (sol menor). Às vezes quando se deseja evitar o trítono presente no acorde da dominante sem fundamental, utiliza-se o acorde de empréstimo. Isso nos permite "condimentar" a harmonia com novas especiarias harmônicas.

        É preciso observar que a trama musical não é simplesmente uma trama harmônica. Na realidade, a harmonia, quando presente, é apenas uma parte dessa trama. Isso quer dizer que incrementos harmônicos podem ser complementados com incrementos de outra ordem, como no ritmo ou na melodia. Mais uma vez é o criador que vai decidir como combinar esses elementos. Para tal pode se valer da experiência, da análise de obras anteriores e do conhecimento técnico.


        No exemplo acima, o acorde de ré menor foi substituído pelo acorde meio diminuto. Também o acorde de Fá maior foi substituído pelo acorde de Fá menor. Ambos os acordes vieram do modo menor. Agora é possível que o acorde seja alterado sem modificar sua terça. É o caso do acorde dominante (sol maior) que no segundo exemplo apareceu com uma décima terceira menor, embora o trítono ainda estivesse presente. Nesse acorde, a décima terceira menor é oriunda do modo de dó menor. As possibilidades são infinitas, portanto não é como prescrever todas as soluções possíveis aqui. Seria muito extenso e desnecessário. Contudo, vale a pena experimentar as diversas possibilidades.

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