segunda-feira, 14 de abril de 2014

Como compor I

1- Introdução
Muitos compositores iniciantes sentem dificuldade de saber por onde começar na construção de uma música. A sequência a seguir ilustrará uma maneira didática de compor pequenas peças.

2- Escolha dos aspectos gerais
  • O primeiro passo consiste em eleger a forma da música. Entre pequenas formas, podemos decidir ou por formas binárias ou por formas ternárias. Neste exercício escolheremos a forma ternária.
  • O segundo passo consiste em escolher o estilo da peça dentre as formas ternárias. Minuetos, Valsas, Scherzos, são exemplos típicos de peças ternárias. Neste exercício escolheremos o Minueto.
  • O terceiro passo consiste em escolher a tonalidade. É preciso ter em mente que, na forma ternária simples, iremos modular a tons vizinhos na seção B. Para efeito, escolheremos o tom de Fá maior.
  • Por fim escolhe-se o compasso. Porém, todo Minueto possui compasso ternário, de maneira que não há liberdade, neste exemplo, para escolher compassos.
3- Escolha dos acordes entre aqueles disponíveis. (Harmonização)
  • O tom de Fá maior possui os seguintes acordes:




  • Os melhores acordes para se escolher são sempre os acordes de primeira ordem, isto é, tônica, subdominante e dominante. Sabendo que cada seção deverá ter 8 compassos, escolheremos cerca de 8 acordes para a seção A. É preciso lembrar que a seção A será repetida, de forma que o oitavo compasso deverá conter um tipo de acorde que permita voltar ao início. Este tipo de acorde é, em geral, dominante.


    A primeira frase ficou caracterizada pela estabilidade. Ela apresenta os acordes principais do tom e termina com o acorde mais estável dentre eles, a tônica. Em resposta, a segunda frase contrasta com a primeira, apresentando o acorde mais instável dentre todos, a dominante. Com a escolha de oito acordes, teremos a primeira seção do Minueto.
  • A seção B deve apresentar uma instabilidade, no sentido de oferecer uma alternativa tonal para a seção A. Se a seção B continuasse no mesmo tom e com muita estabilidade, provavelmente a peça seria monótona. Daí decorre-se que deve-se escolher dentre os acordes disponíveis a outro tom, realizando uma modulação imediata.

    Os tons vizinhos a Fá consistem em:

    O relativo torna-se muito clichê, devido a facilidade de realização. Vamos escolher o tom de Sol menor, que além de oferecer o contraste da tonalidade menor, oferece a variabilidade do mi bemol.
  • O tom de Sol menor nos disponibiliza os seguintes acordes:
  • Sabemos também que a seção B deve oferecer um retorno ao tom principal de Fá maior, já que a seção A será reexposta em seguida. Deste modo, o critério para escolher os acordes deve oferecer essa possibilidade de retorno. Ademais, como a seção A, a seção B possuirá 8 compassos.

    Deve-se notar que a cadência perfeita (S D T) não foi realizada, o que não confirmou nenhuma das tonalidades empregadas (Sol menor e Fá maior). Esse tipo de procedimento é típico da seção central de peças ternárias.
4- Visão geral
Deste modo, formal e harmonicamente, nossa peça ficou assim:
Um pequeno detalhe que fará toda a diferença consiste no fato de que a reapresentação da seção A exige finalização da peça. A primeira apresentação levava em conta que a seção A seria repetida. Por isso deveremos modificar a segunda frase da reexposição da seção A para concluir a peça. Veremos isso no próximo artigo. Até lá!